Negócios de impacto: por onde começar (a entender mais)?

Rodrigo Cavalcante • 14 de maio de 2020

O motivo para você ter chegado nesse artigo pode ser os mais diversos. Pode ser um amigo que falou de negócios de impacto ou mesmo ouviu em uma live   ou na TV alguém citar o termo. O texto abaixo responde a diversas perguntas norteadoras e deixa referências caso você queira se aprofundar.

A primeira grande pergunta.

Pergunta 1:   O que é negócio de impacto?

 

A definição é ampla, não há consenso entre os agentes do ecossistema e existe uma longa discussão que busca delimitar o que é e o que não é negócio de impacto. E isso tudo advém da dificuldade em se definir o que é impacto positivo (adjetivo que apesar de suprimido, é o tipo de impacto que estamos falando), a necessidade de se estabelecer uma padronização da comunicação e facilitar definir quais tipos de negócios poderão se beneficiar de futuras políticas públicas.

 

A Aliança fez uma publicação bem legal em Novembro de 2019 chamada “O que são negócios de impacto?” na tentativa de definir critérios mínimos que caracterizam um negócio de impacto.

  1. Intencionalidade de resolução de eum problema social e ou ambiental;
  2. Solução de impacto é a atividade principal do negócio;
  3. Busca de retorno financeiro, operando pela lógica de mercado;
  4. Compromisso com monitoramento do impacto gerado.

De forma mais simples e sem rigor acadêmico, poderíamos definir como:

Um negócio de impacto possui um modelo de negócio autossustentável (o que o diferencia de projetos sociais e organizações sem fins lucrativos tradicionais que se sustentam por meio de doações) e tem como intenção principal o impacto positivo (o que o diferencia de empresas tradicionais que visam apenas o lucro ou daquelas que possuem iniciativas de responsabilidade social).

Leitura 2 : Carta de princípios para negócios de impacto no Brasil – 2015:   https://forcatarefa-assets.s3.amazonaws.com/uploads/2015/10/Carta_Principios.pdf

Pergunta 2: Qual a diferença de negócios sociais e negócios de impacto?

Esta é uma pergunta que sempre surge. A resposta de bate-pronto é: não são sinônimos e não são a mesma coisa.

Em um texto para a AUPA – jornalismo de impacto, Fernanda Patrocínio comenta que “Cada um dos termos implica em orientações muito próprias para os negócios. Portanto, o uso das palavras não deve ser gratuito – embora, na prática, esse cuidado não seja observado no setor.”

Pergunta 3:   Quais os negócios de impacto que temos no Brasil?

Temos inúmeros exemplos no Brasil e nada melhor para conhecê-los do que ouvir as histórias dos erros cometidos pelos seus empreendedores, uma vez que em palestras e discussões dificilmente ouvimos os bastidores. A série “EU ERREI” da AUPA traz em sua primeira temporada os erros e ensinamentos vivenciados por dez empreendedores sociais (ou seria de impacto?).

Vídeos 1:   EU ERREI – 1ª temporada   https://aupa.com.br/euerrei/   (para assistir no seu tempo)

Leitura 4:   Negócios de impacto social: exemplos para cada Objetivo do Desenvolvimento Sustentável – ODS:   https://blog.sementenegocios.com.br/negocios-de-impacto-social-exemplos/

Pergunta 4: E quem apoia esses empreendedores?

No ecossistema de impacto temos as organizações intermediárias, com o papel de capacitar e levar investimento para os negócios de impacto. Temos aceleradoras, fundos de investimento, avaliadores de impacto e muitos outros. A AUPA produziu uma série que apresenta diversos intermediários do setor. A Phomenta faz parte desse grupo apoiando com diagnóstico e capacitação em gestão e inovação as Organizações da Sociedade Civil – OSCs ou ONGs. Mas as ONGs participam desse setor? (essa discussão fica para um outro texto).

Vídeos 2:   EU APOIO – 1ª temporada   https://euapoiei.com.br /  (para assistir no seu tempo)

Pergunta 5: Como o governo está apoiando?

Temos a articulação ENIMPACTO – Estratégia Nacional de Investimentos e Negócios de Impacto, composta por órgãos e entidades da administração pública federal, do setor privado e da sociedade civil com o objetivo de promover um ambiente favorável ao desenvolvimento de investimentos e negócios de impacto.

Leitura 5:   Página do MDIC   http://www.mdic.gov.br/index.php/inovacao/enimpacto

Pergunta 6: Como surgiu o conceito de negócios de impacto? (Para quem tiver curiosidade).

Leitura 6:   Uma possível história dos negócios de impacto:   https://aupa.com.br/uma-possivel-historia-dos-negocios-de-impacto/

Pergunta 7: Mas tudo é negócio de impacto?

É importante ressaltar que apesar dessa “caixinha” chamada negócio de impacto ser relativamente nova, há muito tempo existem organizações que possuem as características citadas. Entretanto, o atual arcabouço jurídico brasileiro não estabelece normativas e regras específicas para esses negócios (ainda), o que, do ponto de vista jurídico, faz com que seja necessário escolher um tipo de organização já estabelecida como: associação, fundação, cooperativa, empresa individual, microempreendedor individual e etc.

Pergunta 8: Outras reflexões?

Fábio Deboni traz outras ótimas reflexões em seu texto “O que não te contaram sobre Negócios de Impacto”, desde formato jurídico até onde ficam as ONGs nesse meio.

Leitura 7:   O que não te contaram sobre Negócios de Impacto – 2019 por Fabio Deboni:   https://fabiodeboni.com.br/o-que-nao-te-contaram-sobre-negocios-de-impacto/

Última pergunta: O que ler mais?

Como uma boa referência para consulta e citada anteriormente no texto, a Aliança pelos Investimentos e Negócios de Impacto é iniciativa criada em 2014 com o objetivo de apoiar o fortalecimento de um ecossistema para a agenda de investimento e negócios de impacto no Brasil, principalmente através de duas estratégias: (1) produção e disseminação de conteúdos e (2) articulação com atores estratégicos.

O GIFE, associação dos investidores sociais do Brasil, possui uma plataforma chamada SINAPSE com um extenso acervo sobre os mais variados temas como filantropia, terceiro setor e também negócios de impacto. Caso queira se aprofundar, acesse a plataforma:


Publicações recentes

Por Mariana Moraes 25 de março de 2025
Imagine ter um time de profissionais dedicados a resolver desafios da sua organização social em poucos dias. Essa é a proposta da Maratona de Aceleração Social, promovida pela Johnson & Johnson em parceria com a Phomenta.
Por Instituto Phomenta 10 de dezembro de 2024
No dia 3 de dezembro, a Phomenta realizou um encontro que reuniu mais de 600 inscritos de diversas regiões do Brasil para debater os caminhos do impacto social. O webinar Futuro em Foco: Tendências de 2025 para o Terceiro Setor foi pensado como um espaço de troca, onde integrantes da Phomenta e espectadores discutiram questões urgentes para as organizações da sociedade civil. Mediado por Rodrigo Cavalcante, Aline Santos e Agnes Santos, o evento trouxe à tona tendências que já estão moldando o setor, a partir de temas sugeridos por quem está na linha de frente do impacto social. Além de um panorama geral sobre desafios e oportunidades, foram abordadas questões como mudanças climáticas, envelhecimento populacional e o uso da inteligência artificial, sempre destacando como esses tópicos impactam diretamente a atuação das ONGs. “Nós podemos construir mundos melhores do que este em que estamos”: como se preparar para as mudanças climáticas Os pensamentos de Ailton Krenak guiaram a conversa sobre mudanças climáticas, uma das principais tendências apontadas para 2025. Estamos testemunhando o impacto crescente de eventos extremos e precisamos planejar ações para “adiar o fim do mundo” ou, ao menos, garantir a sustentabilidade das organizações. “Nós falamos muito aqui na Phomenta sobre não dar para prever todos os problemas; a pandemia ninguém previu, por exemplo. As mudanças climáticas até previmos, mas não nessa proporção que está acontecendo. Então é preciso que a gente pense em como seremos mais resilientes, em como a gente lida com os impactos que o planeta vai passar”, comentou Agnes Santos, gerente de metodologia. “Precisaremos mudar nossas estratégias de atuação, não tem jeito. Por exemplo, se a sua organização não trabalha com refugiados climáticos, talvez no futuro precise começar a trabalhar com esse público.” Durante a discussão, foram levantados pontos como a necessidade de repensar práticas organizacionais para responder a cenários de crise, o papel das ONGs na disseminação de informações confiáveis e no engajamento das comunidades, e estratégias para fortalecer redes e parcerias intersetoriais. Envelhecimento populacional e a economia prateada O envelhecimento populacional no Brasil foi outro tema amplamente debatido. Puxado por Aline Santos, o tópico apresentou como esse fenômeno impacta diferentes áreas, desde a saúde até a economia. Com a expectativa de que o país esteja entre os mais envelhecidos do mundo até 2030, surgiram debates sobre inclusão, acessibilidade e a valorização do público 60+. Houve também preocupações sobre o impacto do envelhecimento na dinâmica familiar e nos serviços sociais, além de destacar a necessidade de combater o etarismo e criar projetos que promovam qualidade de vida e integração entre diferentes gerações. “A ideia central dessa tendência é que o futuro é intergeracional. Olhe para como você está construindo a sua equipe, olhe como está desenvolvendo estratégias de comunicação, como está criando estratégias de mobilização, seja de voluntários, doadores ou da população atendida. Conecte as gerações”, reforçou Aline Santos, gerente de operações. Inteligência artificial como ferramenta para o impacto social A inteligência artificial, já discutida no webinar de 2024, permaneceu como um dos temas mais requisitados pelos inscritos. As ONGs queriam saber como usar essa tecnologia para otimizar processos e ampliar o impacto. Foram apresentados exemplos como o uso de chatbots para atendimento, ferramentas de análise de dados para planejamento e estratégias para alcançar novos públicos. Contudo, foi reforçada a importância de garantir que sua aplicação seja ética e acessível, especialmente em contextos sociais mais vulneráveis. Rodrigo Cavalcante, diretor executivo da Phomenta, destacou o papel dos agentes de IA, programas que interagem com o ambiente, coletam e usam dados para realizar tarefas. “Pra mim, esse é um grande ponto que vamos olhar em 2025: a criação desses robôs para operar e fazer coisas pra gente. Pode ser um robô do WhatsApp, um robô que se comunica com doadores ou com os atendidos da organização”, explicou. Confira o webinar na íntegra
Por Instituto Phomenta 9 de dezembro de 2024
A transformação social acontece quando unimos forças e colocamos propósitos em ação. Foi sobre isso que nosso diretor executivo, Rodrigo Cavalcante , abordou durante o podcast Impacto ESG. No encontro, foram compartilhadas histórias, reflexões, desafios e as conquistas de conectar o mundo corporativo ao terceiro setor. Quer saber mais? Confira completo aqui:
Ver mais publicações

Fale com a Phomenta

Share by: