O evento encerrou mais uma turma do Gerir Estratégico, Programa de aceleração social da FEAC, oferecido para ONGs e OSCs de Campinas com a execução realizada em parceria com a Phomenta.
“Quando a gente pensa que a Phomenta quer ajudar a levar reconhecimento e recursos para as ONGs, faz todo o sentido fazer parcerias com empresas. O segundo setor, além de ter recursos e pessoas dispostas a se envolverem com causas sociais, tem necessidades que as ONGs podem atender, por meio da prestação de serviços ou vendas de produtos. O resultado disso é mais pessoas conhecendo as organizações e mais fontes de receita para a sustentabilidade econômica dos projetos sociais. A gente acredita muito que as empresas têm um enorme potencial de apoio para as ONGs e OSCs”, contou Izadora Mattiello, CEO e fundadora da Phomenta.
No início do evento,
Luíz Eduardo Drouet, fundador e managing partner da ShareRH e cofundador da regional Campinas do
Capitalismo Consciente Brasil, apresentou as principais características do conceito de capitalismo consciente, que é um movimento global baseado em quatro princípios que envolvem um Propósito Maior composto por uma Cultura Consciente (que visa fortalecer a razão de existir da empresa, o que é diferente de simplesmente gerar lucro), uma Liderança Consciente (onde líderes conscientes são responsáveis por servir o propósito da organização) e Orientação para Stakeholders (onde um negócio deve gerar valor para todas as partes interessadas).
De acordo com Drouet, é importante que o capitalismo seja reinventado, de modo a alcançar um equilíbrio entre a geração de valor para todos os grupos de interesse. “Você não só tem um modelo mais sustentável, que gera valor para o planeta e para a sociedade, como, inclusive, o lucro dos acionistas, que ao longo do tempo é otimizado em relação ao modelo predatório do capitalismo que só quer pensar no resultado a curto prazo. O movimento aqui no Brasil tem essa missão, que é ajudar a transformar o jeito de se fazer investimentos e negócios no Brasil”.
Segundo Nathália Garcia, da FEAC, a ideia de discutir a questão do capitalismo consciente se deu devido às preferências e aos valores atuais em relação ao consumo: “As pessoas estão mais seletivas e buscam cada vez mais ter consciência social, ambiental.... escolhem ou rejeitam marcas de acordo com a postura que assumem”. Ela também afirma que a união entre o terceiro setor e o universo corporativo atinge, também, a sociedade como um todo: “Acredito que a união faz com que a sociedade preste ainda mais atenção nas causas e nos impactos sociais e isso motiva as pessoas a também fazerem sua parte. Não são só as empresas que vão melhorar e transformar, nem mesmo só as ONGs. É necessário que todos compreendam que cada um é responsável por impactar positivamente”, conta.
Como caso de sucesso, a Phomenta e a FEAC trouxeram
Milena Azal e Cleusa Cayres para abordarem todos os impactos positivos que a parceria entre o
Instituto Arcor e o
Armazém das Oficinas, (marca comercial de produtos e serviços ofertados por uma ONG administrada pela
Associação Cornélia Vlieg e o
Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira) geram tanto para a empresa, quanto para a organização. Na Associação Cornélia, 300 pessoas em situação de vulnerabilidade social se organizam em 12 oficinas de trabalho, participando da confecção de produtos artesanais que, quando vendidos, têm lucro revertido para os artesãos.
“É muito importante para nós esse relacionamento com essas empresas, a gente foi, ao longo desses anos, se aprimorando nessa frente pra poder vender para as empresas. Essas vendas são extremamente importantes porque geram produção e consequentemente renda para todas essas pessoas que dependem da nossa ajuda”, conta Cleusa.
Como coordenadora de programas no Instituto Arcor, Milena comentou que a relação entre a empresa e a ONG é de reciprocidade: “A gente precisa parar de ter essa visão de que a gente está só ajudando a organização. É uma relação de ganha-ganha, acho que isso é o papel social de uma empresa, adquirir de uma organização, dar oportunidade, é um privilégio adquirir. Por que não comprar deles? A gente busca sempre divulgar essas parcerias”, acrescenta.
Ainda durante o evento, cinco ONGs de Campinas fizeram a apresentação de soluções, como a oferta de serviços distintos e comercialização de produtos destinados a empresas, sempre no formato de Pitch, uma técnica ensinada pelos programas de aceleração da Phomenta e que foi compartilhada no Programa Gerir Estratégico realizado em parceria com a FEAC. Realizaram o Pitch de suas soluções, as ONGs Sorri Campinas, CEI Campinas, AMIC, Patrulheiros e a Fundação Eufraten.
Sobre os efeitos futuros da live, Izadora Mattiello afirma esperar bons resultados. “Mostrar o que o terceiro setor faz, o que é o empreendedorismo social, desmistificar conceitos de que ONGs e OSCs não podem vender serviços ou produtos e começar a aproximar esses dois mundos é a nossa maior expectativa de curto prazo”, encerra.
Palavras chave: rodada social, jornada social, projetos de ONGs, institutos e fundações, ONGs de Campinas, Capitalismo Consciente, Phomenta, FEAC.
Matéria redigida por Larissa Biondi e Mariana de Castro, voluntárias e estudantes de jornalismo da
PUC Campinas.
Feito por nós mesmos 😉