Transparência das ONGs: As soluções propostas por estudantes da Unicamp

Phomenta • 8 de abril de 2019

 

A calourada de 2019 da UNICAMP (Universidade Estadual de Campinas) foi baseada nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas.


 A Phomenta esteve no campus de Limeira da Unicamp, a convite do time Enactus, para realizar um workshop com os estudantes sobre três ODSs (10, 16, 17) e o papel das ONGs na Agenda 2030.


Esta agenda foi criada em 2015 como um plano de ação para erradicar a pobreza, proteger o planeta e garantir que as pessoas alcancem a paz e a prosperidade. Este plano de ação é constituído por 17 objetivos, detalhados em 169 metas para orientar as ações da Organização das Nações Unidas e seus 193 países membros rumo ao desenvolvimento sustentável. 


Os ODSs abordados no workshop da Phomenta têm como proposta:

 

 ODS 10 – Redução das desigualdades: dentro dos países e entre eles;


 ODS 16 – Paz, justiça e instituições eficazes: a promoção de sociedades pacíficas e inclusivas para o desenvolvimento sustentável, o acesso à justiça para todos e a construção de instituições eficazes, responsáveis e inclusivas em todos os níveis;


ODS 17 – Parcerias e meios de implementação: o fortalecimento dos meios de implementação e a revitalização da parceria global para o desenvolvimento sustentável. 


 

Certamente as ONGs são agentes centrais para atingir os objetivos da Agenda 2030, pois muitas delas já resolvem em suas comunidades as metas estipuladas pela ONU.

 

Por meio de suas diversas causas, as organizações sociais resolvem problemas reais identificados pelos objetivos de desenvolvimento sustentável e contribuem para a criação de um mundo menos desigual.


Há também questões que ainda podem ser melhoradas nas instituições que já estão comprometidas com o impacto socioambiental. Este é o caso da transparência social, abordada no ODS 16, que tem como uma das metas o combate à corrupção e o fortalecimento das instituições. 



Sobre o Workshop


Junto aos alunos da Unicamp, propomos um exercício prático com dois objetivos:

1) Ficar mais claro o que são os ODS 10, 16 e 17 e a Agenda 2030;

2) Pensarmos juntos nas possíveis melhorias que as organizações sociais devem fazer para se posicionarem melhor como agentes de mudança comprometidos na Agenda 2030.

Dividimos os estudantes presentes no workshop em quatro grupos, cada um representando diferentes atores que influenciam uma ONG:

Grupo 1:   voluntários;

Grupo 2:   doadores (pessoa física, famílias);

Grupo 3:   empresas;

Grupo 4: colaboradores das ONGs.

 

Após a divisão, propomos dois momentos de reflexão: o primeiro momento para pensar quais seriam as preocupações de cada grupo (cada ator) em relação à transparência de uma organização social, ou seja –  o que me preocuparia saber antes de eu me envolver com essa instituição? ; e, o segundo momento para refletir acerca das principais recomendações ou soluções para diminuir as preocupações dos diversos atores que se relacionam com as ONGs.

 

As principais PREOCUPAÇÕES levantadas por todos os grupos foram:

  • Conhecer o histórico da organização;
  • Entender quais são os indicadores de impacto dos projetos;
  • Ter clareza e transparência do setor jurídico e financeiro da organização;
  • Receber prestação de contas sobre o que a organização social faz com o dinheiro ou com a doação.

Muitos dos estudantes presentes no workshop já foram ou são voluntários e as principais preocupações deles em relação a uma ONG foram: o histórico da organização, as condições de trabalho, os resultados anteriores obtidos nos projetos e a transparência da organização.

Um ponto interessante foi a preocupação de fazer voluntariado em ONGs já certificadas.

Dentre as preocupações expressas pelo grupo representando os doadores  foram: o histórico da organização, saber quem são os beneficiados, a transparência em relação aos resultados alcançados, as fontes de receita, a prestação de contas e a governança corporativa.

O grupo das empresas trouxe as seguintes questões: o histórico da organização, a gestão, o planejamento estratégico, o resultado dos projetos, a relação com os beneficiados, o balanço patrimonial, a possibilidade de rastrear os recursos e, por fim, a prestação de contas.

E o grupo que representou os colaboradores da ONG  levantou as seguintes inquietações: a transparência do setor jurídico e financeiro, a prestação de contas e conhecer os principais doadores.

 

Para o segundo momento, eles pensaram nas principais SOLUÇÕES, as quais foram:

 

  1. Site claro e objetivo com informações básicas;
  2. Transmitir de maneira clara a missão, visão e valores da organização;
  3. Maior transparência da organização nas redes sociais;
  4. Alinhar os projetos com a missão, visão e valores a fim de conquistar a credibilidade das pessoas que acreditam na causa da organização;
  5. Alinhar internamente os voluntários e os funcionários;
  6. Estabelecer processos e métodos que sejam capazes de quantificar o impacto social dos projetos;
  7. Divulgar resultados e realizações de forma pública;
  8. Realizar um relatório mensal de gastos;
  9. Manter a transparência financeira através do site;
  10. Enviar newsletter aos doadores sobre o cumprimento das atividades e planos futuros.

Este exercício demonstrou as preocupações e potenciais soluções que alunos de graduação da Unicamp possuem em relação às organizações sociais.

O interessante destes resultados é que nós da Phomenta oferecemos um serviço de Certificação Social, baseado em princípios internacionais de transparência e boas práticas sociais, que tem muita sinergia com as preocupações e recomendações dos alunos.

Em nosso processo de diagnóstico da certificação, avaliamos cinco princípios:

  • Gestão e governança;
  • Potencial de impacto social;
  • Transparência na informação pública;
  • Responsabilidade financeira;
  • Sustentabilidade econômica.

Ficamos muito satisfeitos em fazer um exercício prático com os alunos sobre a importância dos ODS e da Agenda 2030, a importância do papel das ONGs na nossa sociedade e como um dos principais atores para a Agenda 2030 e, claro, em ver que a nova geração já está conscientizada do que seria mais eficiente e visto como boas práticas sociais para que uma organização social seja encarada como transparente e eficaz.

Todas estas recomendações são dicas de como as ONGs podem se preparar melhor não só para fazerem um trabalho mais eficiente, como também para receber mais visibilidade e novas parcerias e doações, garantindo assim sua sustentabilidade econômica.


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