Venture Philanthropy – O risco pelo impacto.

Phomenta • 27 de agosto de 2019

Hoje vamos falar sobre um tema muito falado, mas pouco abordado no setor de impacto socioambiental, o  Venture Philanthropy.

 

Tempo de leitura: 5 minutos ou metade da sua caneca de café

 

Venture  e  Philanthropy ? Na mesma frase?

 

Antes de nos aprofundarmos no termo, precisamos entender a origem do conceito de “ Venture “, que tem sua origem atribuída ao   Rei Manuel I de Portugal, o “Venturoso”.   Manuel I foi responsável por expandir as explorações portuguesas que levaram à descoberta da Rota das Índias, e ao descobrimento do nosso grande país continental.

 

E de onde vem o “Venturoso”? A lógica era bem simples. Investir em 10 naus para navegar em mares desconhecidos. Provavelmente 5 a 7 delas vão afundar ou voltar sem nenhuma preciosidade ou algo de valor, 2 delas talvez voltem com algo que faça com que elas se “paguem”, mas 1 delas pode voltar com uma descoberta que traz um retorno muito superior ao valor investido para toda a operação das 10 naus.

Manuel I sabia que teria perdas, mas também sabia do potencial retorno que poderia ter. Seu apetite pelo risco expandiu rapidamente o domínio português e enriqueceu seu reino com as rotas descobertas. Uma daquelas naus descobriu o caminho das índias, a outra descobriu o Brasil. Mas várias não deram em nada.

Repetindo a fórmula

Avançando no tempo, os fundos de investimento resolveram emprestar esse conceito, pensando em criar instrumentos de alto risco x retorno. E se ao invés de naus, aplicarmos o conceito de Manuel I a empresas que estão crescendo rapidamente?

Assim nasceu o   Venture Capital. Trocamos capitães por CEOs e mantivemos a lógica. Investimos em 10 empresas, talvez 5 a 7 “afundem” ou apenas se mantenham, 2 podem “se pagar”, mas 1 pode virar um Google, AirBnb e outros nomes bem conhecidos de nosso dia a dia.

Bela história. Mas onde entra a filantropia?

 

Pense nas organizações que estão gerando impacto socioambiental hoje em dia. Temos ONGs com diversos modelos de impacto socioambiental, inteligência de campo, experiência local, diversas metodologias.


Nós já falamos em outro momento que ONGs são startups antes do termo startups ter sido criado.  


Então por que não aplicarmos uma lógica de   Venture Capital ? Realizar investimento social (filantrópico) em diversas ONGs com modelos diferentes?

 

Nosso retorno aqui não é financeiro. Nosso retorno é impacto, problemas socioambientais sendo atacados devidamente.

 

Nessa lógica, teremos algumas que podem “afundar” (fechar ou ter projetos que não deram certo), 2 ou 3 que vão se manter e continuar entregando impacto, mas teremos aquelas que vão expandir o seu modelo e aumentar significativamente sua eficiência e seu alcance em transformação de realidades da nossa sociedade e planeta.

 

Uma filantropia de risco, em que nosso investimento social pode trazer grandes retornos, em impacto. Nasce o Venture Philanthropy.

E o risco?

Essa é a ferida. Os investidores sociais hoje tem pouquíssimo apetite ao risco. Principalmente porque há um risco reputacional atrelado ao nome da empresa ou família que está por trás da organização investidora. É muito mais fácil concentrar o investimento onde “já está funcionando”, em que teremos um bom relatório, do que assumir o risco de uma organização que pode ou não continuar melhorando seu trabalho.

Mas será que se não mudarmos isso, não estaremos sempre enxugando gelo?

É possível mitigar o risco?

 

Esse é o ponto interessante. O nosso amigo Venturoso  colocava navegadores muito bons nas naus e pessoas como Pero Vaz de Caminha para reportar o que estava acontecendo com seus investimentos. Dois fatores muito importantes: ele avaliava muito bem quem conduziria as naus e instrumentalizava (capacitava) seus investidos para mitigar seus riscos.

 

 

Quanto transportamos isso para o Venture Capital, muitos fundos alocam executivos, mentores e programas de qualificação para seus investidos. Basta ver essa estratégia do SoftBank.

 

Qualificando a filantropia e o investimento social: O Portfólio de Impacto

 

E é aqui que entramos. Na Phomenta, o nosso trabalho é mitigar o risco de duas formas: a primeira é com um diagnóstico baseado em critérios internacionais de transparência e gestão. Somos a única organização no Brasil filiada ao ICFO (International Comittee on Fundraising Organizations) e compartilhamos global standards para avaliar organizações, como uma due diligence  de uma ONG


(você pode conhecer aqui o portfólio de certificadas e seus relatórios públicos).

 

 

Sabendo com quem estamos trabalhando e seus gaps de gestão, nossos programas de aceleração trazem ferramentas práticas de inovação e empreendedorismo para que os gestores dessas organizações possam atingir um patamar de eficiência de gestão moderna e ampliar substancialmente seu impacto. É o que temos feito para mais de 90 organizações sociais do todo o Brasil em 2019.

 

Nosso trabalho é trazer bons instrumentos de navegação e um suporte individualizado para que as nossas naus de impacto não naufraguem, mas sim continuem crescendo e revertendo as realidades que encontramos em nosso país.

Porém, com a consciência de que é um investimento de risco. Não vai dar certo com todo mundo.

O Venture Philanthropy na prática: Capital + Análise de Risco + Gestão Qualificada.

Você pode ser uma Fundação ou Instituto Empresarial, uma empresa com responsabilidade social ou uma pessoa com um portfólio filantrópico.

Qual a porcentagem do seu investimento social está dedicado a qualificar as organizações que recebem seu investimento?

 

Pense em como a abordagem de Venture Philanthropy  é poderosa: ao mesmo tempo em que você investe em projetos das organizações sociais, você qualifica os investidos para que tenham mais eficiência, mais transparência, diversificação de recursos, para que algumas dessas organizações se fortaleçam a ponto de realmente transformar os desafios de nossa sociedade e planeta.

 


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