“A gente sabe que é muito difícil o envelhecimento. Principalmente num país como o nosso, que não se tem educação para conviver com essa demanda. Seja no transporte público, na mobilidade, ou em diversos setores da comunidade. Foi vendo isso, em 2013, essa falta de políticas públicas para essa população, que a gente tentou e conseguiu desenvolver esse programa, aplicando a nossa tecnologia social, a nossa metodologia”, comenta Josivan Silva, fundador da iniciativa.
Vida Ativa 60+: Conheça a organização que atua pelo envelhecimento com dignidade
Mariana Moraes • 21 de agosto de 2024
Com 12 anos de trabalho, a iniciativa alcança a população de Bezerros, Pernambuco, e Mundo Novo, Bahia
O Vida Ativa 60+ é uma organização da sociedade civil que, desde 2013, transforma a vida de pessoas idosas. Com um programa biopsicossociocultural, a iniciativa oferece atividades físicas, dança e outras ações que promovem o envelhecimento saudável. Alinhada aos princípios do Estatuto da Pessoa Idosa, sua missão é criar um ambiente de acolhimento e desenvolvimento para este público, combatendo a exclusão social e a falta de políticas públicas.
O Brasil está envelhecendo rapidamente. De acordo com o Censo 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a idade média do brasileiro chegou a 35 anos em 2022, comparado a 29 anos em 2010. Estima-se que, em 2030, o Brasil será o quinto país com mais pessoas idosas no mundo. Contudo, os cuidados com essa população ainda não acompanham essa mudança demográfica.
Segundo dados do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania, divulgados em 2023, pelo menos 42.995 denúncias e 250.332 violações contra pessoas idosas foram registradas pelo Disque 100. A região Nordeste, onde está localizado o Vida Ativa 60+, é a segunda no ranking nacional de violações contra idosos, ficando atrás apenas da região Sudeste. Com 12 anos de atuação, a iniciativa trabalha para mitigar esses impactos e oferecer um envelhecimento com dignidade para a população de Bezerros, Pernambuco, e Mundo Novo, Bahia.
O Futuro Bem Maior e o fortalecimento da missão
O Vida Ativa 60+ deu um passo significativo em sua trajetória ao ser selecionado para o 4º Programa Futuro Bem Maior, uma iniciativa do Movimento Bem Maior em parceria com a Phomenta, que apoia organizações sociais comprometidas com o desenvolvimento de seus territórios. A participação no programa, que começou em 2023 e se encerra este ano, foi um marco importante para a organização, pois possibilitou a ampliação do impacto de suas ações, a conexão com outras organizações no Brasil e a consolidação de sua sustentabilidade financeira.
Por meio do programa, 45 ONGs foram apoiadas em 43 cidades, em 19 estados do país. Foram mais de 200 assessorias individuais e 120 horas de encontros ao vivo.
“Foi sensacional. Além de termos acesso a uma gama de conhecimentos, a gente consegue também fazer essa troca de experiências com outras instituições. E aí nos fortalece muito, porque o que deu certo aqui, compartilhamos lá, nesse grande grupo com pessoas de outras regiões de outros lugares, e também pegamos alguma metodologia, algumas ações que deram certo para elas, como captação de recurso”, diz Josivan. “São pequenos passos, mas no final a gente entende e vê que fez a caminhada toda, sem atropelar processos.”
Daqui para frente: mais esperança e inclusão
“Uma das coisas que não sai da minha cabeça, eu aprendi com a Phomenta. Me disseram: ‘se tudo é importante, nada é importante. Se tudo é prioridade, nada é prioridade.’ Como eu moro numa cidade do interior de Pernambuco que não tem um teatro, não tem um shopping, não tem uma praia, não tem atividades culturais de lazer, eu ficava inventando atividades não só para as pessoas idosas mas também para os netos, adolescentes. Eram oficinas, brinquedos nas praças, uma escolinha de futebol, de voleibol. Só que aí eu não dou conta de tudo”, comenta Josivan.
“E aí começamos a criar metas, a criar estratégias para que a gente não sobrecarregasse.”
Neste ano, os projetos construídos pelas organizações ganham vida através do investimento de 70 mil reais, realizado pelo Movimento Bem Maior.
O Vida Ativa 60+, por exemplo, foca na construção de uma nova sede, que permitirá que o projeto continue crescendo, oferecendo mais atividades para os idosos e suas famílias, incluindo atendimentos médicos e psicológicos, além de espaços para atividades culturais e comunitárias.
“Ao longo dessas capacitações, eu aprendi que infelizmente eu não vou mudar o mundo, mas as minhas ações podem mudar o território onde eu estou, e a comunidade onde eu vivo e é isso que eu estou fazendo, pequenos gestos, pequenas ações diariamente. Estou me dedicando 100% aos idosos e aí sim, quando tiver grana, quando a gente conseguir manejar, aí eu posso fazer um impacto maior com a minha comunidade e com os adolescentes, crianças e adultos”, vislumbra o fundador.
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Imagine ter um time de profissionais dedicados a resolver desafios da sua organização social em poucos dias. Essa é a proposta da Maratona de Aceleração Social, promovida pela Johnson & Johnson em parceria com a Phomenta.
No dia 3 de dezembro, a Phomenta realizou um encontro que reuniu mais de 600 inscritos de diversas regiões do Brasil para debater os caminhos do impacto social. O webinar Futuro em Foco: Tendências de 2025 para o Terceiro Setor foi pensado como um espaço de troca, onde integrantes da Phomenta e espectadores discutiram questões urgentes para as organizações da sociedade civil. Mediado por Rodrigo Cavalcante, Aline Santos e Agnes Santos, o evento trouxe à tona tendências que já estão moldando o setor, a partir de temas sugeridos por quem está na linha de frente do impacto social. Além de um panorama geral sobre desafios e oportunidades, foram abordadas questões como mudanças climáticas, envelhecimento populacional e o uso da inteligência artificial, sempre destacando como esses tópicos impactam diretamente a atuação das ONGs. “Nós podemos construir mundos melhores do que este em que estamos”: como se preparar para as mudanças climáticas Os pensamentos de Ailton Krenak guiaram a conversa sobre mudanças climáticas, uma das principais tendências apontadas para 2025. Estamos testemunhando o impacto crescente de eventos extremos e precisamos planejar ações para “adiar o fim do mundo” ou, ao menos, garantir a sustentabilidade das organizações. “Nós falamos muito aqui na Phomenta sobre não dar para prever todos os problemas; a pandemia ninguém previu, por exemplo. As mudanças climáticas até previmos, mas não nessa proporção que está acontecendo. Então é preciso que a gente pense em como seremos mais resilientes, em como a gente lida com os impactos que o planeta vai passar”, comentou Agnes Santos, gerente de metodologia. “Precisaremos mudar nossas estratégias de atuação, não tem jeito. Por exemplo, se a sua organização não trabalha com refugiados climáticos, talvez no futuro precise começar a trabalhar com esse público.” Durante a discussão, foram levantados pontos como a necessidade de repensar práticas organizacionais para responder a cenários de crise, o papel das ONGs na disseminação de informações confiáveis e no engajamento das comunidades, e estratégias para fortalecer redes e parcerias intersetoriais. Envelhecimento populacional e a economia prateada O envelhecimento populacional no Brasil foi outro tema amplamente debatido. Puxado por Aline Santos, o tópico apresentou como esse fenômeno impacta diferentes áreas, desde a saúde até a economia. Com a expectativa de que o país esteja entre os mais envelhecidos do mundo até 2030, surgiram debates sobre inclusão, acessibilidade e a valorização do público 60+. Houve também preocupações sobre o impacto do envelhecimento na dinâmica familiar e nos serviços sociais, além de destacar a necessidade de combater o etarismo e criar projetos que promovam qualidade de vida e integração entre diferentes gerações. “A ideia central dessa tendência é que o futuro é intergeracional. Olhe para como você está construindo a sua equipe, olhe como está desenvolvendo estratégias de comunicação, como está criando estratégias de mobilização, seja de voluntários, doadores ou da população atendida. Conecte as gerações”, reforçou Aline Santos, gerente de operações. Inteligência artificial como ferramenta para o impacto social A inteligência artificial, já discutida no webinar de 2024, permaneceu como um dos temas mais requisitados pelos inscritos. As ONGs queriam saber como usar essa tecnologia para otimizar processos e ampliar o impacto. Foram apresentados exemplos como o uso de chatbots para atendimento, ferramentas de análise de dados para planejamento e estratégias para alcançar novos públicos. Contudo, foi reforçada a importância de garantir que sua aplicação seja ética e acessível, especialmente em contextos sociais mais vulneráveis. Rodrigo Cavalcante, diretor executivo da Phomenta, destacou o papel dos agentes de IA, programas que interagem com o ambiente, coletam e usam dados para realizar tarefas. “Pra mim, esse é um grande ponto que vamos olhar em 2025: a criação desses robôs para operar e fazer coisas pra gente. Pode ser um robô do WhatsApp, um robô que se comunica com doadores ou com os atendidos da organização”, explicou. Confira o webinar na íntegra
A transformação social acontece quando unimos forças e colocamos propósitos em ação. Foi sobre isso que nosso diretor executivo, Rodrigo Cavalcante , abordou durante o podcast Impacto ESG. No encontro, foram compartilhadas histórias, reflexões, desafios e as conquistas de conectar o mundo corporativo ao terceiro setor. Quer saber mais? Confira completo aqui:
